[Crítica] Superman | Mais que personalidade, filme tem coração

12 anos após o lançamento de O Homem de Aço (2013), filme que marcaria o início do DCEU, temos Superman, filme que promete dar um novo fôlego ao gênero de super-heróis, ao mesmo tempo em que traz vida ao novo universo DC, dessa vez sob o comando de James Gunn e Peter Safran. Dessa forma, o novo reboot do personagem tem a missão de reconquistar os fãs desacreditados com a DC, ao mesmo tempo em que busca restaurar a essência do herói como um ícone de esperança, justiça e fé na humanidade — valores centrais que Gunn promete resgatar.
De início, é preciso dizer que, apesar de ser o primeiro, Superman não conta a história de origem de seu personagem, mas sim a coloca em segundo plano para tratar da repercussão que é um alienígena super poderoso voando ao redor do mundo e “interferindo” na vida das pessoas. Por esse mesmo motivo, o filme trás a tona diversas discussões sociais e, principalmente, políticas, fazendo alusão à questões contemporâneas. Felizmente, essa pauta é apresentada de maneira bastante orgânica, o que é um alívio considerando como foi empurrada “guela abaixo” por filmes como Capitão América: Admirável Mundo Novo. O novo Lex Luthor, interpretado por Nicholas Hoult, é o ponto chave que conecta essas questões à trama. Hoult passa para o expectador a inteligência, a obsessão exagerada pelo Superman e, é claro, a habilidade de manipulação das massas, características assinadas do personagem. Ao meu ver, temos aqui uma das melhores, senão a melhor, encarnação do personagem para as telonas.

Aproveitando a deixa, quero falar do resto do elenco principal. Sei que o filme é protagonizado pelo Superman de David Corenswet, mas deixei para falar dele agora junto com os outros por um bom motivo. O ator encaixou muito bem no papel, transbordando para a tela todas as emoções que fazem do herói, como ele mesmo diz no final do filme, tão humano quanto todas as pessoas, mas é a interação dele com o resto do elenco que faz a roda girar. A química entre Superman/Clark Kent e Lois Lane, interpretada por Rachel Brosnahan, é simplesmente perfeita. Além disso, suas interações com a “Gangue da Justiça”, composta pelo Guy Gardner (Lanterna Verde) de Nathan Fillion, Mulher-Gavião de Isabela Merced e Sr. Incrível de Edi Gathegie, são bem divertidas, só não tanto quanto as interações com Krypto, o Supercão adorável que rouba a cena sempre que aparece.
Outros atores como Skyler Gisondo, que aqui faz o Jimmy Olsen e Anthony Carrigan, que é o Metaformo, personagem praticamente desconhecido pelo grande público, cumprem seus papeis, porém sem se destacar. E aqui entra um problema do filme, ou quase, que é a grande quantidade de personagens, algo que me preocupava bastante. Por ser um filme solo, era óbvio que não teríamos muito tempo para todo mundo – alguém com certeza sairia prejudicado. Mesmo assim, James Gunn, que não só dirigiu, como escreveu Superman, tentou ao máximo balancear suas aparições para que ficassem contextualizadas e funcionar como breves introduções para o universo que se seguirá a partir disso. E falando em universo, a obra apresenta muitos conceitos aqui de uma só vez – o puro suco das HQs da DC Comics. Isso deve agradar o público mais fiel dos quadrinhos, por mais que, para isso, Gunn sacrifique um pouco do ritmo do 2º ato, que parece desacelerar para deixar tudo preparado para o final, o que no fim das contas, não prejudica a experiência.

Partindo para os aspectos mais técnicos, temos ótimos efeitos especiais, uma trilha sonora simplesmente icônica e uma direção do mesmo calibre que encontramos em outros filmes do James Gunn, proporcionando inclusive ótimas cenas de voo do Superman, por mais que não do mesmo nível que as de O Homem de Aço. Os figurinos são bem feitos, os cenários estão lindos (principalmente a Fortaleza da Solidão), as piadas são boas e as cenas de ação são mirabolantes, bem coloridas e de tirar o fôlego, parecendo até que foram tiradas direto das histórias em quadrinhos do personagem. Pode-se dizer que tudo isso colabora com um filme que tem mais do que personalidade, têm coração, abrindo portas para um futuro promissor para o DCU e para o gênero de super-heróis como um todo.

show!
Obrigado!